quinta-feira, 5 de maio de 2011

Várias maneiras de ir ao mercado

Desde que comecei a dar aula de Gestão por Processos na PUC, montei uma espécie de diário de bordo para não esquecer-me de incluir coisas que surgissem durante a aula e excluir pontos que não funcionaram muito bem. Já na segunda turma introduzi um exercício prático de mapeamento de um processo real. Para que a atividade ficasse ao mesmo tempo simples e divertida, sem perder o poder didático, resolvi pedir para a turma mapear as compras da sua família no mercado, desde o momento do planejamento até a última compra guardada no armário da sua casa. No final do exercício, as trincas apresentam para toda a turma o resultado do seu trabalho. A julgar pelas duas primeiras turmas posso garantir que, além do exercício ter funcionado muito bem, temos ali, meus queridos alunos e eu, momentos de muitas gargalhadas.

É impressionante como as pessoas são criativas. Teve o caso de um dos alunos que por enquanto é meu preferido – o caso, não o aluno, que fique claro. O mercado é na frente da casa dele. Então, ele não tem compromisso nenhum com a precisão da lista ou o número de viagens até o local. Resultado: segundo ele mesmo, no mínimo duas vezes por dia - você leu direito, duas vezes por dia – ele, a esposa ou os dois vão até o mercado. A descrição que ele deu de uma vez que ele foi sozinho comprar uma melancia em um dia de chuva literalmente acabou com a aula. Tive que chamar um intervalo antecipado para o povo se recompor.

Como não existe gargalhada grátis, conseguimos tirar uma lição importante destas sessões de “comédias da vida privada”. Não existe apenas um processo que resolva um mesmo problema. São infinitas as possibilidades. Com carro ou a pé, com lista ou sem lista, sozinho ou com a esposa, uma vez ao mês ou duas vezes por dia, qualquer desenho resolve, depende das necessidades, das restrições e dos resultados que se quer atingir. Melhor mesmo é baixar a guarda da arrogância e tentar ver as coisas sempre de pelo menos duas maneiras diferentes. Em um dos casos, quando eu estava dando sugestões demais para simplificar o processo, um dos alunos reclamou. Para ele, circular por todo o mercado, com calma, sem nenhum compromisso com a assertividade, era um dos passatempos preferidos. Fazer o quê? Tem louco prá tudo!